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RenovaBio é destaque do Congresso Biomass Day

Os debates do segundo dia do Congresso Biomass Day teve como alguns pontos de destaque a RenovaBio enquanto política de Estado, o tímido impacto da retirada da Cide sobre o preço do diesel e a escolha que o país tem entre ampliar a implantação de combustíveis poluentes ou elevar a oferta de etanol. A biotecnologia do ponto de vista jurídico, com as vantagens da nova lei de biossegurança que criou o CNBS – Conselho Nacional de Biossegurança, e da inovação, com os projetos da Embrapa Agroenergia que utilizam engenharia metabólica no biorrefinamento de biomassa, também foram abordados. E a votação da consulta pública da nova norma técnica do setor fotovoltaico, que deve garantir maior qualidade e segurança nas instalações, foi discutida por vários profissionais renomados do setor em mesa redonda.

Eliminação da Cide não resolve a tributação sobre o diesel

A retirada da Cide, imposto sobre combustíveis, do diesel, terá impacto tímido para aliviar a tributação no setor, avaliou Pedro Isamu Mizutani, vice-presidente executivo da Raízen, durante o seminário “RenovaBio, uma política de Estado”, que aconteceu na manhã desta quarta-feira (23) na Enersolar + Brasil 2018. “Os tributos são altos, logo essa ação é irrelevante, já que a Cide representa R$ 0,05 centavos do preço do diesel”, apontou, referindo-se ao anúncio feito essa semana pelo governo federal.

Mizutani iniciou a sua palestra ressaltando a importância do ambiente atual para o avanço das energias renováveis. Segundo ele, o momento atual é adequado para falar de RenovaBio, já que o país não tem política em relação às energias renováveis. Em sua apresentação, ele mostrou um quadro com os patamares atuais da situação dos combustíveis no país e alertou: “estamos em um momento de déficit crescente de combustíveis, e de limitação de importação de combustíveis em um cenário de retomada da economia”. O executivo apontou ainda duas alternativas para o país driblar essas questões. “Ou ampliamos a infraestrutura para a implantação de combustível fóssil ou poluente. Ou criamos condições para elevar a oferta doméstica de etanol limpo e renovável”.

As iniciativas de gigantes da economia global, como a China, que têm planos de adotar o etanol como combustível foram vistas com entusiamo pelo executivo. Até 2020, a China deve adicionar até 10% de etanol na gasolina. “O Brasil, que é um dos maiores produtores de etanol no mundo, só perdendo para os EUA, poderia se beneficiar muito com essa medida”.

Setor fotovoltaico contará com uma nova norma técnica

A mesa redonda do Congresso Ecoenergy – Financiamento ideal para a estrutura do projeto e tendências tecnológicas teve como tema “A energia e sustentabilidade”, na manhã de hoje na Enersolar + Brasil. Mediada pelo presidente da Abeama (Associação Brasileira de Energias Alternativas e Meio Ambiente), Ruberval Baldini, a mesa trouxe como primeiro palestrante, o especialista Roberto Zilles, coordenador de sistemas fotovoltaicos do IEE, da USP, que exaltou as normas técnicas para instalações elétricas de sistemas fotovoltaicos.

“Defendemos uma norma técnica porque ganharemos qualidade nas instalações; na segurança de pessoas e equipamentos; na atribuição de responsabilidades; na padronização das instalações; e na especificação dos requisitos das características particulares dos sietemas fotovoltaicos”, apontou, exortando a todos a participarem da consulta pública da NBR 16690, que termina em 24 de maio, e é voltada a sistemas fotovoltaicos.

Outro palestrante, Hamilton Moss de Souza, Pró-reitor de Integração da Universidade de Vassouras, focou a sua exposição nos custos e vantagens dos sistemas fotovoltaicos do ponto de vista do consumidor. “Sistemas fotovoltaicos geram uma economia de cerca de R$ 100,00 por 25 anos. Esse retorno é em kWh”, demonstrou, reconhecendo, no entanto, que os principais obstáculos para uma maior adesão aos sistemas fotovoltaicos é o relativamente alto investimento inicial, associado à falta de financiamento e à ausência de informações sobre os sistemas.

Em sua exposição com o tema “A arquitetura sustentável como protagonista na geração fotovoltaica e no desenvolvimento das renováveis”, a arquiteta e urbanista Cecília Maria Neder Castro mostrou os desafios e soluções para o setor. “A metade das emissões de efeito estufa são originadas pelos prédios e as energias renováveis podem salvar o projeto”, considerou.

Cecília fez críticas aos cursos de engenharia e de arquitetura que não incentivam a utilização das energias renováveis nas edificações. Em seguida, demonstrou as vantagens da arquitetura bioclimática e os elementos da natureza que podem ser empregados em empreendimentos. “Há formas de se obter conforto ambiental e conforto térmico lançando mão da energia solar, e aproveitando ao máximo recursos naturais como a água que o ar tem, os ventos, a umidade, entre outros fatores”.

Embrapa aposta em mais de 10 mil microorganismos para biorrefinaria

A Unidade de Agroenergia da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária aposta em seu banco de mais de 10 mil microorganismos para a promoção da biorrefinaria de biomassas na geração de bioprodutos para as mais diversas áreas industriais por meio de parcerias público-privadas. Com base nos eixos de PD&I “Biomassas para fins industriais”, “Biotecnologia industrial”, “Químicas renováveis” e “Materiais renováveis”, a instituição transfere a tecnologia para usar microorganismos como algas e fungos no tratamento de matéria orgânica vegetal, animal ou microbiana. Dessa forma, permite a produção de biocombustíveis, ração, pigmentos, cosméticos, produtos de limpeza, fármacos, probióticos, estabilizantes para alimentos, fertilizantes, defensivos agrícolas, celulose, borracha, plástico, fibra e vários outros produtos.

“Testamos e decidimos que microorganismos metabolizam determinado resíduo de forma mais eficiente, refinando-o para algum fim industrial. O que inclui o bagaço da cana, eucalipto, vinhaça, glicerol e outros. Produtores, indústrias e startups levam o resultado ao mercado”, explicou a coordenadora da Embrapa Agroenergia, Patrícia Verardi Abdernur, em palestra no Biomass Day. Hoje, somente com o CTC – Centro de Tecnologia Canavieira, há um acordo de R$ 22 milhões para o refino por meio de engenharia metabólica. “Dependendo da biomassa, podemos optar por algo que gere imensa quantidade de material final ou pequena quantidade com alto valor agregado, o que costuma ser o caso envolvendo cosméticos”.

O avanço deste trabalho começou apenas em 2016, com a expansão dos eixos de PD&I, que eram apenas “Etanol”, “Biodiesel”, “Florestas energéticas” e “Coprodutos”. Atualmente, a Embrapa Agroenergia tem 54 colaboradores envolvidos na missão de desenvolver soluções inovadoras para a indústria de base biológica, sendo 31 pesquisadores, 21 analistas de P&D e 2 assistentes capacitados nas principais universidades brasileiras e centros de pesquisa no exterior em diferentes áreas do conhecimento. Mais de 2,4 mil pesquisadores da rede de unidades da Embrapa podem ser parceiros em determinados projetos.

Crescimento da agricultura nacional tem na biotecnologia uma forte aliada

As vantagens da biotecnologia em solo brasileiro foi um dos alvos da palestra “Ponto de vista jurídico sobre a biotecnologia aplicada aos novos produtos da biomassa” proferida pela advogada e especialista Patrícia Fukuma, do escritório Fukuma Advogados. “A biotecnologia contribui para o crescimento do Brasil. Para se ter uma ideia, atualmente 90% da soja nacional é transgênica assim como o milho. A biotecnologia foi rapidamente adotada pelos agricultores brasileiros, pois além de alcançar maior produtividade, tem manejo mais simples. E não é só utilizada pelos grandes agricultores; os pequenos e médios também estão aderindo porque a biotecnologia facilita muito o trabalho no campo”, aponta.

Patricia também dissertou sobre os estudos acerca dos alimentos transgênicos, desmistificando as acusações de determinadas organizações a respeito de supostos malefícios que eles possam gerar no organismo humano. “Não há notícia alguma, provada cientificamente, de que os transgênicos tragam danos aos seres humanos. Até mesmo uma pesquisa recente, que apontou o surgimento de câncer em ratos, não foi considerada relevante porque os roedores utilizados já tinham propensão a desenvolver a doença, como foi comprovado depois”, considerou.

Entre os aspectos jurídicos, Patricia anunciou que a biotecnologia se faz presente no Brasil há 20 anos. “O Brasil teve uma grande oportunidade de ser vanguarda nessa área, mas um tópico, entre as regras para a biotecnologia, o princípio de precaução, gerou interpretações errôneas, do tipo “não fazer”, o que acabou atrasando o programa. Até que em 1988, tivemos a primeira liberação de OGM que foi a soja RR pela Monsanto”, revelou.

Já a PHD em genética de microrganismos, Leya Lerayer, apresentou exemplos práticos do uso da biotecnologia na otimização da produção de biocombustível e na destinação da biomassa resultante. “A levedura modificada gera uma produção maior de etanol”, atestou.

A EnerSolar + Brasil – Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar, ocorreu entre 22 a 24 de maio de 2018 no São Paulo Expo Exhibition & Convention Center – Rodovia dos Imigrantes, KM 1,5 – São Paulo / SP

www.enersolarbrasil.com.br

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