O setor supermercadista deve considerar dez objetivos que ajudarão na gestão e controle das práticas em ESG. Eles foram feitos com base nos resultados da pesquisa nacional para um diagnóstico ESG do setor supermercadista e estão em conformidade com os Objetivos Mundiais para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pelas ONU.
Essas informações constam no “Guia ESG do Setor Supermercadista Brasileiro” feito pela KPMG e a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) e contém orientações para o setor supermercadista no Brasil de como melhor se estruturar sobre as constantes demandas de ESG tão debatidas recentemente. Essa ação ocorreu após o Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento ABRAS ESG 2023, o Fórum contou com várias instituições dos 15 setores que compõem a Cadeia Nacional de Abastecimento, as quais trouxeram suas contribuições em espaços de debates divididos em temas relacionados a ESG, além de representantes dos poderes executivo, legislativo, agências reguladoras e órgãos internacionais.
“Priorizar esses objetivos é uma excelente oportunidade para as empresas do setor avançarem em melhores práticas. Isso fará com que o mercado supermercadista tenha um desenvolvimento coletivo e toda a sociedade seja beneficiada”, diz Paulo Ferezin, sócio-líder para o segmento de Varejo da KPMG no Brasil.
Cinco dos dez objetivos são voltados para o “E” (Ambiental), três para o “S” (Social) e dois para o “G” (Governamental), são eles:
Gestão de resíduos e logística reversa de embalagens: mensure o volume de resíduo gerado e a quantidade de resíduos que realmente vão para a reciclagem, a quantidade de resíduos orgânicos compostados, a eficiência na separação de resíduos, implementação de programas de reciclagem e logística reversa, a reutilização de embalagens e o engajamento dos clientes na prática de reciclagem e logística reversa de embalagens.
Redução de emissões de gases refrigerantes: mensure a quantidade de gases refrigerantes consumidos pelo sistema de refrigeração em um determinado período, avalie a frequência e a ocorrência de vazamentos, verifique a proporção de gases recuperados durante a manutenção ou substituição do sistema de refrigeração. Avalie a substituição de gases com alto GWP para menores.
Eficiência hídrica: identifique a quantidade de água consumida em um tempo por metros cúbicos ou litros. relacione esse consumo ao espaço de vendas do supermercado medido em metros quadrados. Veja a proporção de água tratada que é reutilizada e monitore e registre os vazamentos.
Eficiência elétrica: mensure a quantidade de energia utilizada em um determinado período, relacione esse consumo ao espaço de vendas do supermercado, verifique o consumo de energia por equipamento de refrigeração e iluminação. Mensure o uso de energia renovável, como energia solar por exemplo.
Redução de emissão de gases efeito estufa na operação e na logística: faça um levantamento das emissões de gases emitidos pela operação e logística do supermercado. Divida as emissões em três escopos de acordo com a metodologia do Protocolo de Gases do Efeito Estufa. Utilize veículos sustentáveis no transporte de mercadorias, como veículos elétricos ou híbridos. Faça a compensação das emissões de GEE investindo em projetos de redução de carbono e compra de créditos.
Modernização do sistema de prazo de validade e adoção do “Best Before”: faça uma proporção dos produtos vendidos com a data “Best Before” em relação à validade tradicional. Registre a quantidade de alimentos desperdiçados antes e depois da aderência a esse sistema. Isso vai revelar o índice de melhoria na gestão do estoque. Produza pesquisas de avaliação do cliente sobre a percepção deles da clareza de como funciona o sistema “Best Before”.
Venda social e doação de alimentos a grupos populacionais vulneráveis: quantifique o total de alimentos doados, isso pode ser feito usando como critério o peso, o volume ou a unidade dos alimentos; numere as pessoas beneficiadas por indivíduos, famílias ou instituições. Mensure o valor monetário dos alimentos, isso ajuda na verificação do impacto econômico das doações. Faça pesquisas de avaliação com os públicos beneficiados, isso ajudará a avaliar o impacto social do supermercado na vida das pessoas. Enumere as instituições públicas e privadas que fazem parceria nessa doação.
Geração de emprego, 1º emprego e renda: registre a quantidade de empregos gerados e classifique por categorias (diretos, indiretos, integral, meio período, para jovens etc). Registre os números de vagas oferecidas a pessoas em seu primeiro emprego e a renda média dos colaboradores, isso ajudará a avaliar o impacto do supermercado nas iniciativas de geração de emprego e melhoria de renda e qualidade de vida dos funcionários.
Adoção das melhores práticas de governança familiar e corporativa: avalie se o supermercado possui uma estrutura formal de governança, conselho de administração ou consultivo, certifique-se que os membros desses conselhos tenham independência em relação à administração. Faça indicadores dos níveis de transparência das informações financeiras e operacionais, tenha políticas claras de sucessão de empresas familiares, faça investimentos em treinamentos dos membros da família, dos conselhos e da administração. Avalie regularmente o desempenho dos membros familiares. Alinhe a cultura organizacional do supermercado com os princípios da governança familiar e verifique o nível de participação dos acionistas familiares nas decisões e gestão do supermercado.
Diversidade de gênero, raça, religião, etária e deficiências: mapeie a representatividade dos vários grupos demográficos dos funcionários, pode ser classificado por gênero, raça, idade, religião e deficiências. Considere a taxa de retenção dos funcionários classificados em minorias étnicas, PCD etc. Isso vai avaliar a capacidade do supermercado em reter talentos diversos; inclua esses funcionários de grupos minoritários em treinamentos e programas de desenvolvimento visando o crescimento profissional dessas pessoas e possível ascensão para cargos de liderança. Faça pesquisas organizacionais de clima para verificar a satisfação desses grupos em trabalhar na empresa e espaço para denunciar preconceitos ou discriminação. Inclua o supermercado em programas de responsabilidade social que incluam a diversidade.
“É gratificante participar e ver a evolução e o impacto que o Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento ABRAS ESG já causou na integração das agendas dos setores que compõem a coalizão multissetorial, e conscientização da importância do impacto ambiental, social e de governança no aperfeiçoamento da sociedade”, diz Fernando Gambôa, sócio-líder de Consumo & Varejo da KPMG no Brasil e na América do Sul.