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Casa é levantada só com barro para cortar custo e ajudar natureza

casa2Em Campo Grande (MS), no bairro Tiradentes, a arquitetura surge como algo surreal. Quando o padrão é abusar do concreto, o desejo de se aproximar da natureza faz Janete Wiritti levantar uma casa toda feita de barro.

Ela escolheu um sistema construtivo bem diferente de uma casa convencional. Não usa pedra, areia, cimento e muito menos estrutura de ferro. É toda feita com terra, praticamente, moldada manualmente. Pela descrição, até parece fácil, mas é preciso força para levantar a terra e compactar todas as placas, garantindo casaa estrutura.

A ideia foi da pedagoga de 57 anos, por conta do baixo custo e da facilidade para construir. Mas antes de ser casa, o plano era mesmo fazer um ateliê para aulas de artesanato com crianças especiais. “Eu sempre dei aula, fui professora e trabalhava com alunos especiais. Mas como eu sempre quis fazer uma coisa alternativa, decidi pela moradia”, justifica.A expectativa maior é ver a casa pronta, claro, onde Janete pretende morar com a mãe. “É muito boa a sensação de estar realizando algo de maneira diferente. Porque ajuda na sustentabilidade e também na economia”, lembra.

O bem estar também foi um dos motivos para a escolha de Janete que acredita na força da natureza. “Faz bem, afinal a terra também tem energias e ter esse contato com ela é estar mais próxima da natureza”.

O projeto é da arquiteta Sandra Bertotto, com objetivo de produzir o mínimo de resíduos durante a construção. “Ser sustentável não significa usar só a terra. A ideia é realmente não utilizar materiais que produzem resíduos como cimento, tijolo e ferro. Porque hoje em dia, além das construções convencionais atingirem o meio ambiente, acabam produzindo muito entulho”, justifica.

A casa deve ficar pronta em 90 dias por conta da previsão do tempo. “Como está chegando a temporada de chuvas, ela acaba demorando um pouco mais”, diz a arquiteta. No total, a casa terá 60m², com quarto, sala, cozinha integrada e banheiro.

Depois que a estrutura estiver pronta, vai receber janelas, forro e telhado. No processo de acabamento, por dentro haverá pintura, textura e piso. As janelas, por exemplo, serão posicionadas estratégicamente para garantir conforto térmico. “Além de uma boa acústica, a casa não fica nem quente e nem fria. Fica na temperatura ideal”, garante.

O pé-direito total da construção é de 2,30 metros. A altura foi projetada para que não fique muito quente dentro da casa. “A ideia foi para que o forro não fique muito baixo, deixando uma qualidade térmica maior dentro dos ambientes, isso  diminui a sensação de transferência de calor”, explica.

Para continuar seguindo a linha da sustentabilidade, também foi planejado um sistema de saneamento ecológico utilizando um “Tanque de Evapotranspiração”, conhecido como fossa de bananeiras, uma alternativa para tratamento de esgoto de forma ecológica. “Tudo que for usado em máquina de lavar roupa, pia e chuveiro, será tratado e servirá para o plantio. Também haverá captação de água da chuva”, diz a arquiteta.

Para quem se questiona quanto a durabilidade e segurança, já que a única matéria prima é terra, Sandra explica. “As construções de terra são milenares, aqui no Brasil não se tem muito hábito de uso, mas se estiver bem dimensionada, o segredo é uma boa proteção na base e um bom beiral. Eu diria que dura mais de 100 anos dando a manutenção correta”.

Os cuidados são como de outro imóvel de alvenaria. “Assim como na construção convencional, temos que fazer a pintura eventual, checar infiltrações e dependendo do revestimento, a manutenção é bastante simples. É importante que o morador tenha noção de que a terra, tem um comportamento. Ela dilata, contrai, precisa respirar, naturalmente assim como no reboco convencional também há micro fissuras”, detalha.

Fonte: Campo Grande News

 

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