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A indústria alimentícia e o envelhecimento populacional: desafios e oportunidades

População idosa é a maior registrada desde os últimos doze anos

O envelhecimento populacional é uma questão debatida em muitos países e o Brasil não fica de fora. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, a população brasileira acima de 65 anos cresceu 57,4% em 12 anos. Nesse cenário, é importante assegurar alguns aspectos favoráveis à longevidade, incluindo peças-chave como educação nutricional e transparência nas informações sobre produtos alimentícios.

A indústria de alimentos e bebidas tem pela frente desafios e oportunidades. Assegurar acesso às informações nutricionais com transparência é importante para toda a sociedade, mas, especialmente, para a pessoa idosa, mais suscetível a alguns problemas de saúde.

A gerente de Marketing da Oterra para a América Latina, Stella Munhoz, acredita que os players do setor de alimentação precisam ficar atentos às novidades. “Em um cenário no qual já há tendências claramente delineadas para o desenvolvimento de novos modelos de negócios e serviços voltados aos idosos, devemos encarar como objetivo a implementação de produtos que supram essa demanda, ainda mais com o aumento da população idosa”, comenta.

Desde o final de 2022 entrou em vigor a nova rotulagem de alimentos, que funciona como um guia para a identificação de características importantes nas embalagens dos alimentos. A nova regulamentação obriga a sinalização frontal em produtos com altos teores de açúcar, sódio e gorduras saturadas. Ingredientes que precisam de atenção redobrada, principalmente, por acarretar doenças como hipertensão arterial e diabetes.

Para quem busca uma alimentação mais saudável, além desses elementos destacados na frente das embalagens, também é fundamental analisar outras informações nutricionais referentes à presença de aditivos químicos e artificiais como corantes, por exemplo.

É sempre importante estar atento à tabela nutricional e à lista de ingredientes. Consequentemente, é fundamental que as palavras sejam legíveis e a nova regulamentação determina requisitos específicos de legibilidade, incluindo a apresentação padronizada de caracteres e linhas, com a cor 100% preta aplicada em fundo branco, afastando o uso de contrastes coloridos que atrapalhavam a leitura do rótulo.

Um estudo realizado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com participação de 45 idosos, aponta que mais de 88% dos entrevistados compreendem pouco o que vem descrito nas informações nutricionais e 11% não compreendem nada. As dificuldades relatadas foram tamanho e cores das letras e das embalagens, bem como a presença de termos técnicos.

De fato, existem algumas barreiras para que os consumidores possam interpretar um rótulo, entendendo o tipo de produto que está levando para a mesa. Para identificar corantes artificiais, por exemplo, é preciso observar se existe algum número em sua nomenclatura. Em muitos casos, empresas usam uma numeração padronizada internacionalmente para mascarar a presença desses elementos nos alimentos ou bebidas.

De modo geral, o rótulo de alimentos para idosos deve fornecer informações claras e objetivas sobre o produto, mas, para ajudar nessa escolha, é preciso disseminar também a educação nutricional.

O mercado deve atentar-se ao fato de que a população idosa do futuro será composta pelas atuais gerações X e Y, que já procuram e têm acesso às categorias de alimentos alinhadas aos conceitos planet based e clean label. Então, a exigência por produtos naturais será ainda maior.

É possível notar que os idosos de hoje em dia têm uma percepção de alimentos saudáveis atrelada a frutas e verduras como ingredientes. Contudo, isso não é suficiente para suprir a exigência de todos os consumidores, já que as gerações mais atuais estão mais atentas ao consumo consciente e a tendências mais robustas para alimentação saudável.

Esse é um movimento global e sem volta, pois a mudança já está acontecendo. A indústria está atenta e vamos notar crescimento exponencial em segmentos como plant based e clean label nos próximos anos. O novo consumidor vai exigir produtos de qualidade, seguros, saudáveis e naturais.

Temos um cenário no qual há várias bandeiras que podem ser empunhadas pelos players da indústria e isso pode fazer muito sentido, pois, possivelmente, nunca esteve tão fácil unir propósito e bons modelos de negócio. As oportunidades estão aí e sorte de quem souber aproveitá-las.

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