Baixa e média rendas têm acesso a residenciais sustentáveis

Um dos principais debates em torno das construções sustentáveis no Brasil se dá com relação ao estigma de que esse tipo de solução só é viável para empreendimentos de luxo ou alta renda. Mas a HausBau começa a mostrar ao mercado que não é bem assim. A incorporadora acaba de conquistar a certificação internacional de origem francesa, AQUA-HQE, concedida no Brasil pela Fundação Vanzolini, para dois projetos voltados para os públicos de baixa e média rendas, os chamados KlubHaus, nas cidades de Jundiaí e Cajamar.

Com apartamentos de 50 à 75 m² e na faixa de R$180 a R$400 mil reais − o que, em média, representa um poder aquisitivo de uma renda mensal familiar em torno de R$5mil à R$12 mil − os projetos possuem arquitetura desenvolvida pelo escritório CLLB Arquitetura.

O escritório, entre as propostas, especificou grandes caixilhos para favorecer a ventilação e iluminação naturais; geração de energia por meio de painéis de células fotovoltaicas para abastecer a energia das áreas comuns; captação de águas pluviais para uso na limpeza das áreas de estacionamento e luminárias externas e de áreas comuns de LED. Nas áreas comuns, a previsão de economia de energia deverá ser de 17% à 25% e de água de 25% à 35%.

Segundo Manuel Carlos Reis Martins, coordenador executivo da certificação, “o que a AQUA-HQE requer é o pensar o empreendimento antes mesmo do início do projeto conceitual, considerando o contexto local e funcional, além de outros fatores intervenientes, para encontrar as melhores soluções, do ponto de vista de desempenho ambiental, conforto e saúde, com a máxima eficiência econômica possível, de forma a poder desenvolver projetos de qualidade viáveis para cada faixa de renda”.

A certificação AQUA-HQE baseia-se em 14 objetivos de desempenho que devem ser atingidos em níveis base, boas práticas e melhores práticas, ultrapassando as exigências que correspondem à regulamentação vigente ou prática corrente, distribuídas equilibradamente em conforto, saúde e baixo impacto ambiental.

Desde 2008, ano do lançamento no país, a chancela alcançou o número de 432 edificações e mais de 43.000 unidades habitacionais certificadas. Os empreendimentos são avaliados por meio de auditorias presenciais e certificados nas fases pré-projeto, projeto, execução ou operação e uso.

Conforme Michele Nogueira, engenheira civil da Hausbau, “a sociedade, investidores, financiadores e consumidores começam a incorporar cada vez mais as melhores práticas ambientais em suas demandas. Neste cenário observa-se que empresas e profissionais dispostos a enfrentar novos desafios estarão certamente mais bem preparados para o futuro”.

Nogueira explica que para conquistar a certificação, entre as ações, foram tomadas algumas medidas específicas no canteiro de obras, como treinamento e qualificação de funcionários; implantação de reservatório de decantação ao lado da central de argamassa, para garantir que a borra de cimento seja retirada da água e não seja descarta na rede pública e campanhas de conscientização para reduzir o consumo de água e energia no canteiro de obras.

De acordo com a arquiteta Larissa Barcellos, do CLLB, “entre as certificações mais importantes a AQUA-HQE é a que melhor se adequa ao mercado brasileiro e contempla com sucesso projetos residenciais, inclusive os voltados à baixa e média rendas”. Ela explica que o custo destas iniciativas deve ser levado em conta na concepção do projeto, pois as adaptações para atender as diretrizes da certificação exigem investimentos extras, possibilitados nos dois empreendimentos por causa da diluição das despesas na quantidade de unidades habitacionais.

Barcelos afirma que o conceito KlubHaus agrega, além da sustentabilidade, um conjunto de benefícios de lazer difícil de ser encontrado, até mesmo na cidade de São Paulo, para este segmento, o que os torna empreendimentos sem concorrência direta em suas respectivas regiões.

Entre as opções de lazer e saúde, os empreendimentos contam com piscina com raia, paisagismo, pista de skate, espaço da mulher, espaço para pets, salão para teens, stadium e quadra de street ball.

Soluções de sustentabilidade:

• Torres do empreendimento posicionadas centralizadas;
• Redução dos impactos causados sobre os vizinhos;
• Utilização de materiais que causem menor impacto ambiental possível;
• Fornecedores localizados próximo à obra;
  • Diminuição dos impactos ambientais do canteiro de obras;
  • Horário preestabelecidos para entrega e retirada de materiais;
  • Preocupação com ruídos, limpeza do canteiro e entorno;
  • Diminuição e descarte correto de resíduos;
  •  Reaproveitamento de materiais e diminuição de gastos com energia e água;
  • Reaproveitamento do solo movimentado;
  • Economia de energia deverá ser de 17% à 25%;
  • Uso de sensores de presença nos banheiros, células fotoelétricas na iluminação externa, e iluminação com LED’s;
  • Estimada uma economia de água de 25% à 35%;
  • A utilização de válvulas de duplo acionamento nas bacias sanitárias, válvula limitadora de pressão em 300 kpa para rede de água;
  • Especificação de plantas nativas, que necessitam de menor irrigação;
  • Aumento das áreas permeáveis;
  • Após as análises do laudo acústico, as paredes foram projetadas para que diminuam a passagem de ruídos externos;
  • As lajes foram dimensionadas criando um isolamento acústico entre os apartamentos, consequentemente reduzindo a influência sonora externa.