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Potencial da biomassa é destaque do primeiro dia do EnerSolar

A preocupação do setor de energias renováveis com as propostas do governo federal para o novo marco regulatório do setor energético e o potencial elevado e a utilização da biomassa resultante da produção de biocombustíveis no Brasil forma os destaques do primeiro dia do EnerSolar + Brasil – Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar,  que teve início nesta terça-feira (22) no São Paulo Expo. O evento, que termina na quinta-feira,  também trouxe o debate sobre a viabilidade do aquecimento solar, que atinge apenas 10% do potencial considerando o ambiente naturalmente propício para a geração de energia solar na maior parte do Brasil.

Marco regulatório do setor energético e possíveis alterações no sistema tarifário são debatidos no Ecoenergy 2018          

Renato Chaves, accountd director utilities da Thomson Reuters no Brasil, foi o moderador da primeira mesa do Ecoenergy 2018.  “Marco regulatório e reformas do setor elétrico: oportunidades, desafios e impactos na geração de energia solar”. O debate tratou, entre outros temas, da revisão das normas do setor elétrico e de novas propostas para ele; sobre questões relativas à estrutura tarifária e como ela influencia a geração de energia solar; e a respeito de incentivos para os projetos de energia solar deslancharem no Brasil.

 Para Rodrigo Sauaia, presidente-executivo da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), o mercado só avança se for capaz de se adaptar à sua realidade. “Evoluções e atualizações são adaptações necessárias, e o setor elétrico brasileiro tem de fazer a sua parte.” Segundo ele, não há dúvidas que o mercado de energia do país tem que investir no mercado de renováveis. “O Ministério de Minas e Energia está propondo uma separação de lastro e energia, o que prejudicaria o mercado de energia solar. Estamos trabalhando para que não haja retrocesso nessa área.  Também há uma intenção do governo de mudar a cobrança tarifária, o que chegará ao consumidor. “A proposta da ABSOLAR é que mudanças no modelo tarifário não têm de estar submetidas ao Congresso, mas, sim, ao próprio setor. O Marco Legal normalmente não trabalha modelos tarifários, por isso achamos inadequado fazer esse tipo de ajuste por lei”, afirmou.

Carlos Evangelista, presidente da ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída), tomou a palavra em seguida, lembrando que a ABGD trata de todas as formas de energia renovável. “Todas são muito importantes dentro de suas particularidades.” Ele concordou com Sauaia com relação à tarifação da tarifa binômia, que está sendo tratada pelo governo. “É importante manter o equilíbrio do mercado. O empresariado quer previsibilidade para o seu negócio, por isso, a importância do marco regulatório”, refletiu.

Já Bárbara Rubim, sócia-fundadora da Bright Strategies e vice-presidente da ABGD  e do conselho da ABSOLAR, também falou sobre o marco e lembrou da consulta pública que se encerrou na semana passada, ressaltando que há uma preocupação sobre como as mudanças afetam o consumidor. “O futuro que a gente tem visto é sobre como a energia renovável vai se aproximar do consumidor: como ele vai consumir, qual será a fonte etc. Pensando no amanhã, a energia vai migrar para todo lugar, e o setor vai começar a se enxergar como um vendedor do serviço. A noção da posse, de propriedade, de ‘fornecedor de equipamentos’, tem se esvaziado na nossa sociedade. Existe uma noção de uma volta de valor do cooperativismo. Hoje, vivemos uma descrença nas instituições, e poder gerar a própria energia para não depender delas é uma ideia simpática a muitas pessoas”, afirmou.

O presidente da ABEAMA (Associação Brasileira de Energias Alternativas e Meio Ambiente), Ruberval Baldini, lembrou que vivemos hoje um processo de inovação tecnológica, inclusive no campo de energia. “Isso dá ao consumidor um painel tão amplo de opções que ele nem sabe como usar.” Pensar na fonte de energia escolhida é fundamental, inclusive, para o preço final de seu produto. “A energia é parte de um tripé para o meio ambiente, e o consumidor quer que as empresas se coloquem: ele quer alternativas, e vai querer cada vez mais. Carro elétrico, painel solar e afins já fazem parte de sua realidade.”

 Biomassa como fonte de energia foi tema de painel no Biomass Day 2018

 No segundo painel do dia do Congresso Internacional da Biomassa, “Potencial da biomassa como fonte despachável no Brasil e como matéria-prima para produtos com alto valor agregado”, Diogo Ferrini Costa, VP Executivo da COGEN, tratou da capacidade da matéria-prima como fonte complementar à energia gerada pelas hidrelétricas e sobre o seu futuro.

Segundo ele, no ano passado a biomassa preservou em 15% os reservatórios no Sudeste e no Centro-Oeste do país. “Com muita frequência, diz-se que a biomassa é prejudicial ao verde, mas isso não é verdade”, afirmou. Hoje, de toda energia renovável produzida no Brasil, 11,3 GW provêm do bagaço da cana-de-açúcar.

O VP também fez uma breve exposição sobre as usinas híbridas, que combinam biomassa e gás natural – segundo dados apresentados no ano passado pela concessionária Paulista Gas Brasiliano, cada tonelada de cana é capaz de gerar 61 kWh de energia, mas, com gás natural, essa produção passa a 113 kWh –, e sobre o RenovaBio, programa do governo federal que pretende remunerar as empresas que diminuírem a emissão de CO2.

 Potencial de biomassa no Brasil é gigantesco, afirma diretor de M&A e Bioenergia da Raízen, durante o Biomass Day

 O Biomass Day, evento integrante da EnerSolar + Brasil, abriu o primeiro dia de atividades com foco no possível impacto do anteprojeto de lei resultante da consulta pública número 33 de 2017 do Ministério de Minas e Energias nos negócios referentes à biomassa. O anteprojeto, que ainda precisa ser votado, tem como objetivo aprimorar o marco regulatório do setor elétrico no Brasil. “O potencial da biomassa no país é gigantesco. Nós sempre falamos do bagaço da cana, mas há muitas outras opções, como casca de amendoim, palha de arroz, cavaco de eucalipto, vinhassa – toda produção agrícola cria resíduos, poderíamos dobrar a geração de energia com esse material”, destacou Marcelo Couto, diretor de M&A e Bioenergia da Raízen.

Couto lembrou que o uso da biomassa é previsível naturalmente, de acordo com as lavouras de abril a novembro, e também constante, podendo ser complementar aos geradores hídricos. O executivo chamou atenção para o fato de que quanto mais claras as regras, mais as empresas podem se sentir seguras e investir, crescer, a exemplo do que aconteceu com a retomada dos leilões de energia, que estavam “um pouco esquecidos”.

Luis Antônio Meneses da Silva, sócio do setor de Infraestrutura do Felsberg Advogados, lembrou do potencial adicional dos resíduos urbanos para a geração de energia limpa com base em biomassa e reforçou a necessidade de vontade política para tornar a proposta realidade. “Precisamos educar não apenas a população sobre o uso da biomassa, mas também os próprios governantes para termos este anteprojeto aprovado no Planalto. Alguns estados, como São Paulo, estão muito à frente de outros no que diz respeito à forma de lidar com estes resíduos. É preciso que estejam mais nivelados”. Silva destacou que um manejo adequado da biomassa faria com que os aterros sanitários, por exemplo, emitissem muito menos gases de efeito estufa, tornando o processo de geração de energia duplamente vantajoso.

Viabilidade econômica do aquecimento solar

 Moacir Marchi Filho, presidente do DASOL – Departamento Nacional de Energia Solar Térmica da Abrave – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento, discutiu a viabilidade econômica do sistema de aquecimento solar na Ecoenergy – Feira e Congresso Internacional de Tecnologias Limpas e Renováveis para a Geração de Energia. O executivo iniciou os trabalhos destacando que, desde 2001, o Brasil subiu da 12a posição para a 5a posição no ranking mundial de potência instalada de energia solar térmica. Isso devido a ações governamentais que vêm promovento a iniciativa. “Nenhum hotel é construído hoje no Brasil sem componentes de energia solar, o que pode economizar em até 60% a conta de energia. Além disso, programas de moradia popular contemplam placas solares”, afirmou.

De acordo com Marchi Filho, a viabilidade econômica do sistema é tão alta no país, que a atual área de painéis solares instalados de 12.383.765 metros quadrados, com capacidade de 8.669 MW, é apenas 10% do potencial, considerando o ambiente naturalmente propício para a geração de energia solar na maior parte do Brasil. “Também temos que lembrar que não vale a pena usar energia fotovoltaica só para aquecer água. Um sistema híbrido é bem melhor, com o fotovoltaico gerando energia e o térmico aquecendo água. Em Brasília, por exemplo, 100% das piscinas são aquecidas por placas solares”.

Como exemplo da economia gerada, ele citou o custo do aquecimento de 5 mil litros de água por dia por sistemas de energia elétrica comercial, gás e energia solar térmica. Apesar da implementação do projeto solar ser mais caro que os demais, a amortização ocorre em poucos meses. “Nunca se deixa de pagar energia elétrica e gás, mas energia solar passa a ser de graça”, concluiu.

SERVIÇO:

EnerSolar + Brasil – Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar

Data: 22 a 24 de maio de 2018

Horário: 13h às 20h

Local: São Paulo Expo Exhibition & Convention Center – Rodovia dos Imigrantes, KM 1,5 – São Paulo / SP

www.enersolarbrasil.com.br

 8º Ecoenergy – Feira e Congresso Internacional de Tecnologias Limpas e Renováveis para a Geração de Energia.

22 de maio, das 9h às 18h15 23 de maio, das 9h às 18h45 24 de maio, das 9h às 13h30

2º Biomass Day – Congresso Internacional da Biomassa

22 de maio, das 13h30 às 18h45

23 de maio, das 9h às 18h30

24 de maio, das 9h às 18h15

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