Transformação digital, competitividade e inovação. Esses são alguns dos principais motores que impulsionam o mercado de Fusões e Aquisições (M&A) no setor de alimentos e bebidas. Em um ambiente de consumo em constante mudança, onde novas tendências, desafios regulatórios e a busca por eficiência ditam o ritmo dos negócios, empresas recorrem a estratégias de consolidação para crescer, diversificar portfólios e garantir vantagem competitiva.
No Brasil, o varejo alimentar registrou um grande aumento nas transações de M&A. Segundo estudos, em 2022, houve um crescimento de 30% em relação ao ano anterior, marcando o terceiro ano consecutivo de alta e acumulando um incremento de 116% comparado ao período pré-pandemia de 2019. Esse movimento é impulsionado por fundos de private equity interessados em consolidar o setor e pela expansão agressiva de grandes redes.
O Grupo Carrefour, por exemplo, adquiriu o Grupo BIG Brasil por R$ 7,5 bilhões e as lojas da rede Makro por R$ 1,95 bilhão, visando ampliar sua presença nas regiões Nordeste e Sul e fortalecer o modelo de atacarejo.
Em janeiro de 2025, a JBS, uma das maiores processadoras de carne do mundo, adquiriu uma participação de 48,5% na Mantiqueira Alimentos, líder na produção de ovos no Brasil, por R$ 1,9 bilhão. Essa aquisição marca a entrada da JBS no setor de ovos, adicionando aproximadamente 4 bilhões de unidades anuais ao seu portfólio.
Além disso, em novembro de 2024, o empresário brasileiro Ricardo Faria comprou a produtora espanhola de ovos DAGU por €120 milhões. Essa transação posicionou o Hevo Group, pertencente a Faria, como o segundo maior produtor de ovos na Espanha, com uma produção anual de 80 milhões de dúzias.
Esse movimento ilustra como, mesmo em cenários desafiadores, empresas encontram oportunidades para expandir e se fortalecer no mercado.
Incertezas políticas e econômicas influenciam transações
Contudo, a incerteza política e econômica, muitas vezes vista como um obstáculo para investimentos, pode, paradoxalmente, atuar como um catalisador para aquisições. Segundo um estudo conduzido por Ronaldo Rodrigues, Senior Associate na Zaxo M&A Partners, a instabilidade do cenário econômico impulsiona empresas a tomarem decisões mais rápidas, especialmente em setores altamente competitivos, onde a necessidade de capturar oportunidades estratégicas antes dos concorrentes se torna essencial.
“O que parece ser risco para muitos, para os estrategistas pode ser uma vantagem competitiva. No Brasil, esse fenômeno é ainda mais evidente, pois o mercado se torna mais atrativo para investidores que enxergam oportunidades mesmo em meio à instabilidade”, afirma Rodrigues.
Rodrigues explica que, após analisar mais de 20 mil transações realizadas entre 1990 e 2023, em 18 países, o estudo revelou que o que parece ser risco, pode ser capturado como uma vantagem competitiva. No Brasil, não é diferente. O país se destaca como um dos mercados mais promissores e desafiadores da América Latina nesse aspecto.
O estudo revelou ainda que a incerteza econômica pode reduzir em cerca de 6,7% o valor das aquisições. No entanto, a presença de Opções de Crescimento na empresa alvo moderam este efeito reduzindo-o para quase 1%. Além disso, a cada 1% de aumento nessas opções, ocorre uma elevação de 16% no Enterprise Value, demonstrando que investimentos estratégicos podem compensar os riscos inerentes a um cenário de incerteza.
No setor de alimentos e bebidas, os dados do estudo mostram que ele se mantém entre os dez mais ativos desde 1990, registrando inúmeras transações e consolidando-se como um dos segmentos mais ativos no mercado de M&A.
Foodtechs
Nos últimos anos, o setor de alimentos e bebidas tem passado por uma onda de consolidação, impulsionada por fatores como o avanço de startups foodtech, novas demandas por sustentabilidade e saudabilidade e a pressão para digitalização e eficiência logística. Grandes players estão adquirindo marcas inovadoras para expandir seus portfólios e atender a consumidores que buscam produtos mais naturais, orgânicos e sustentáveis.
Jefferson Nesello, sócio-fundador e diretor da Zaxo, destaca que “em momentos de instabilidade, o mercado brasileiro se torna ainda mais estratégico. Os investidores mais arrojados conseguem negociar prêmios atrativos e, ao mesmo tempo, capturar valor futuro em setores promissores como o de alimentos e bebidas”.
Para Leonardo Grisotto, também sócio da Zaxo, essas operações demonstram como empresas bem preparadas conseguem transformar momentos de incerteza em oportunidades. “A capacidade de antecipar movimentos do mercado e agir rapidamente é importante para o sucesso no setor de M&A, especialmente em segmentos onde a concorrência é intensa”, enfatiza.
Perspectivas para 2025
O mercado de M&A no setor de alimentos e bebidas deve continuar aquecido em 2025, impulsionado pela busca por eficiência operacional, inovação e sustentabilidade. A digitalização das cadeias produtivas, a adoção de tecnologias para redução de desperdícios e o fortalecimento de marcas voltadas ao bem-estar do consumidor estão entre os principais fatores de atração de investimentos.
Assim, contar com especialistas em fusões e aquisições torna-se fundamental para empresas que desejam maximizar seu valor e se posicionar estrategicamente no mercado. “Nosso papel é auxiliar as companhias a enxergarem além do óbvio e a transformarem incertezas em decisões estratégicas que geram valor duradouro”, afirma.
“Com um pipeline robusto para este ano, que deve superar R$ 600 milhões, a Zaxo Group se consolida como uma referência no mercado de M&A no Brasil, assessorando empresas de diversos setores, incluindo alimentos e bebidas, a navegarem com segurança e assertividade no dinâmico mundo das fusões e aquisições”, conclui.
Mais informações: https://www.zaxogroup.com/