Por Liz Galvão, nutricionista parceira da Verde Campo*
Os produtos sem lactose têm, gradativamente, ganhado mais espaço nas prateleiras dos supermercados e das lojas especializadas. Assim promovem o consumo não apenas do leite, mas também de diversos tipos de queijos, requeijões, manteigas, creme de leite, leite condensado e tantos outros itens por intolerantes a lactose. Esse público representa cerca de 70% dos brasileiros, conforme estima o Instituto Datafolha.
Traçando um panorama, a lactose é a porção de carboidrato do leite, e a intolerância à lactose é caracterizada pela incapacidade de digerir esse açúcar, seja por alguma deficiência na produção, seja por ação da enzima lactase, que é responsável por quebrar a lactose nas suas menores partes — galactose e glicose — para serem absorvidas pelas vilosidades do intestino. Ela é uma síndrome de má-absorção da lactose, e uma das intolerâncias alimentares mais comuns (com o avançar da idade pode ser bem comum a produção dessa enzima diminuir).
E o que acontece com o nosso corpo quando temos intolerância à lactose? Como ela não consegue ser quebrada/digerida, permanece intacta no intestino e duas coisas podem ocorrer: ela absorver água para o intestino, causando diarreia osmótica, ou servir de alimento para as bactérias intestinais que fermentam a lactose, causando vários sintomas gastrointestinais como gases, distensão abdominal, desconforto, cólicas e flatulências. É válido ressaltar que a digestão comprometida, proporcionada pelo consumo da lactose, pode causar inflamação não apenas no intestino, mas também no corpo como um todo, além de reduzir nutrientes devido à má absorção. Desse modo, é importante que o mercado tenha produtos para quem não consegue digerir a lactose.
Aos que precisam aderir a uma dieta sem lactose, é necessário consultar um especialista e entender qual é o grau de intolerância. Algumas pessoas não toleram nenhum tipo de laticínio, já outras toleram consumir, por exemplo, queijos mais maturados que têm teor menor de lactose como parmesão, grana padano e pecorino, porque passaram mais tempo maturando, levando a lactose a ser mais consumida pelos micro-organismos que fazem esse processo de fermentação láctea.
Já os queijos frescos, como cottage, ricota, coalho e minas frescal, têm teor bem mais elevado de lactose, já que não passam por um processo de amadurecimento ou maturação. Eles são produzidos e rapidamente consumidos. Por isso é importante escolher queijos mais frescos “sem lactose”.
Em relação à manteiga, normalmente pessoas com intolerância à lactose não sentem desconforto ao consumi-la, porque ela contém uma pequena quantidade de açúcar do leite. Mas, dependendo da sensibilidade e da tolerância do organismo, pode ser que até esse baixo teor cause problemas. Então, nesse caso, consumir manteiga sem lactose também é indicado.
Uma sugestão é sempre ler os rótulos dos produtos e verificar se contêm leite ou algum derivado dele em sua composição. Sem saber, você pode estar consumindo um produto que tenha lactose e apresentar todos os sintomas citados. Em restaurantes, informe-se como são feitos os pratos, os molhos e as sobremesas para evitar problemas.
Felizmente, hoje não é mais necessário excluir laticínios do cardápio mesmo que você seja intolerante à lactose. Existem diversas marcas e linhas de produtos voltadas para suprir essa demanda sem perder no sabor.