Pela primeira vez desde 2017, indústria supera agronegócio nos repasses do banco de desenvolvimento
“[Isso] mostra o sucesso das políticas voltadas para o fortalecimento da indústria, principalmente da Nova Indústria Brasil”, afirmou o diretor financeiro e de mercado de capitais do BNDES, Alexandre Abreu. Na mesma linha, o presidente da instituição, Aloizio Mercadante, classificou a mudança como “ótimo indicador”, lembrando que “a indústria é um setor que gera muito valor agregado, mão de obra, empregos mais qualificados e gera inovação tecnológica”.
Planejamento financeiro se torna diferencial para indústrias brasileiras
A captação de recursos representa apenas o começo da jornada. Conforme a FIA Business School, empresas com organização financeira consolidada têm maior facilidade em obter crédito, pois investidores e credores avaliam a saúde financeira antes de disponibilizar capital.
As decisões de investimento precisam ser planejadas. Gestores financeiros devem avaliar não apenas oportunidades imediatas, mas também projetos de expansão e possíveis aquisições, considerando a relação entre riscos e retornos como elemento central desse processo. O Retorno sobre Investimento (ROI), calculado pela razão entre ganho líquido e custo do investimento, permanece como métrica essencial para comparar a eficiência de diferentes projetos.
Tendências tecnológicas que podem ser foco de investimentos
O cenário industrial já se desenha com contornos bem definidos. Segundo levantamento da EDGE, a automação será o motor de transformação do setor nos próximos meses, com Inteligência Artificial (IA) e machine learning assumindo papel central nas operações.
O relatório State of Smart Manufacturing, elaborado pela Rockwell Automation, mostra que 85% das empresas direcionaram investimentos ou planejavam fazê-lo em IA e aprendizado de máquina em 2024, com perspectiva de continuidade. A IA generativa, também conhecida como “Gen AI”, desponta como área prioritária para 2025, seguida pela implementação de robótica colaborativa.
Paralelamente, a sustentabilidade ganhou status de pauta obrigatória em nível diretivo, conforme indica a consultoria Gartner. Essa tendência pode abrir caminhos para que indústrias direcionem parte do crédito obtido à implementação de tecnologias que monitoram consumo energético, otimizam recursos e minimizam desperdícios no processo produtivo.
Entre as aplicações mais estratégicas para os recursos do BNDES destaca-se a implementação de sistemas que modernizam a gestão industrial. O Manufacturing Resource Planning (MRP – “Planejamento de Recursos de Produção”, em tradução livre), surge como alternativa.
Entender para que serve o MRP é o primeiro passo para as indústrias. Segundo o Sebrae, esse sistema mede indicadores relevantes, como capacidade de trabalho de máquinas, quantidade necessária de matéria-prima e tempo de produção, garantindo que produtos sejam fabricados dentro de prazos determinados, com otimização de recursos e cumprimento dos compromissos com clientes.
Os benefícios dessa ferramenta incluem aprimoramento no planejamento produtivo, maior confiabilidade das informações, melhor desempenho e redução de custos. Os resultados ganham ainda mais relevância quando há integração com o Enterprise Resource Planning (ERP – “Planejamento de Recursos Empresariais”, em tradução livre), sistema que amplia a visibilidade e proporciona eficiência em todos os aspectos operacionais da indústria.
A tecnologia já não representa apenas um diferencial, mas uma necessidade. O Sebrae enfatiza que os “recursos tecnológicos mudaram a forma de trabalho e aumentaram a eficiência nos processos de produção, diminuindo gastos e desperdícios”.
Essa transformação se manifesta no aumento da produtividade, na otimização do uso de energia e recursos, no aperfeiçoamento de processos e na segurança operacional. Indústrias que conseguirem utilizar adequadamente os recursos disponibilizados pelo BNDES para automatizar processos e implementar sistemas de controle podem ter vantagem significativa em seus mercados.
No Brasil, o ecossistema tecnológico está em expansão. Dados do Sebrae apontam a existência de aproximadamente 422 mil negócios no setor, com 85 mil novas empresas criadas no último período reportado – crescimento de 55% em relação a 2018. Esse movimento reflete a crescente demanda por soluções tecnológicas no mercado nacional.
A combinação entre crédito acessível e investimento estratégico em tecnologia pode representar o caminho mais sólido para ampliar a competitividade da indústria brasileira no cenário internacional, com impactos diretos na geração de empregos qualificados e valor agregado para a economia do país.