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Construção: sondagens apontam melhoras na percepção empresarial

As expectativas dos empresários e executivos da indústria da construção, embora sigam cautelosas, continuaram apresentando ligeiras melhoras em janeiro, conforme as últimas sondagens realizadas.

Segundo a Sondagem da Construção da FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), o Índice de Confiança da Construção (ICST) ficou estável em janeiro, permanecendo em 85,4 pontos. Em médias móveis trimestrais, o indicador avançou 1,2 ponto, chegando à quinta alta consecutiva. Desta forma, as expectativas aproximam-se da faixa de 100 a 110 pontos, que denota otimismo moderado. Foram consultadas 556 empresas entre 3 e 23 de janeiro.

A estabilidade do ICST foi influenciada exclusivamente pela melhora da situação atual. O Índice de Situação Atual (ISA-CST) subiu 0,4 ponto em janeiro, para 75,1 pontos, o maior nível desde abril de 2015 (75,5 pontos). O resultado positivo do índice veio da contribuição do indicador que mede a situação atual da carteira de contratos, que subiu 1,3 ponto, para 73,4 pontos, o maior nível desde junho de 2015 (73,9).

Já o Índice de Expectativas (IE-CST) recuou 0,6 ponto, para 95,9 pontos. A queda das expectativas foi influenciada pelo indicador que mede a demanda prevista para próximos três meses, que caiu 3,8 pontos, atingindo 93,4 pontos.

O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) do setor variou 0,1 ponto percentual, para 66,7%. O Nuci para Mão de Obra ficou estável e o Nuci para Máquinas e Equipamentos teve aumento de 0,2 ponto percentual.

Para a coordenadora de Projetos da Construção da FGV/Ibre, Ana Maria Castelo, a sondagem de janeiro trouxe indicadores que devem se traduzir em números positivos para o setor ao longo de 2019. “As expectativas empresariais retornaram ao patamar de janeiro do ano passado, indicando uma posição cautelosa dos empresários em relação à evolução da demanda nos próximos meses. No entanto, a carteira de contratos das empresas melhorou bastante ao longo de 2018 e começa o ano em alta, o que explica a percepção mais favorável referente ao ambiente corrente de negócios”, comenta.

Ana Maria registra uma melhora na percepção dos empresários do mercado imobiliário em relação ao momento atual. “Existe grande expectativa em relação à retomada do mercado imobiliário, que em 2018 registrou crescimento nos lançamentos e vendas. O segmento foi o que teve maior alta em sua carteira de contratos em janeiro, o que reforça a percepção positiva em relação à atividade. Mas nada que possa ser comparado ao boom do período 2007 a 2012, como mostra o recuo das expectativas”, afirma.

Mais otimismo

Já a Sondagem da Indústria da Construção da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) mostra que os empresários do setor apostam no aumento do nível de atividade, do emprego, dos novos empreendimentos e serviços e da compra de insumos e matérias-primas nos próximos seis meses. A enquete foi realizada entre 7 e 17 de janeiro com 493 empresas, das quais 167 são pequenas, 218 médias e 108 de grande porte.

O índice de expectativas sobre o nível de atividade, que varia de 0 a 100, subiu para 58,4 pontos, o de novos empreendimentos e serviços aumentou para 58,1 pontos, o de número de empregados alcançou 56,1 pontos e o de compra de insumos e matérias-primas atingiu 56,5 pontos, mostrando a confiança moderada dos entrevistados.

O índice de intenção de investimentos aumentou para 38 pontos, o maior nível desde janeiro de 2014. O indicador cresceu 5,5 pontos de outubro para janeiro. O Índice de Confiança do Empresário da Construção alcançou 63,7 pontos. Pela primeira vez desde 2014, os empresários do setor estão otimistas com as condições atuais dos negócios. O índice de condições atuais subiu para 51,6 pontos.

Para a economista da CNI Dea Fioravante, a reação da atividade e do emprego na construção ainda depende da melhora das condições do crédito. “É preciso aproveitar esse momento de otimismo com a economia e facilitar o acesso ao crédito e reduzir os custos dos financiamentos de longo prazo”, afirma, lembrando que as sucessivas quedas dos juros básicos da economia não se refletiram nos financiamentos da construção.

Ociosidade e obstáculos

De acordo com a CNI, a atividade e o emprego na indústria da construção tiveram nova queda em dezembro, mês em que isto usualmente acontece. O índice de nível de atividade recuou para 44,4 pontos e o de emprego caiu para 42,8 pontos. Ambos continuam abaixo da linha divisória dos 50 pontos e mostram queda da atividade e do emprego. O nível de utilização da capacidade de operação ficou em 57% em dezembro, mostrando que o setor operou com elevada ociosidade.

A elevada carga tributária, com 39,7% das citações, continua liderando a lista dos principais problemas enfrentados pela indústria da construção no quarto trimestre de 2018. Em seguida, com 31,3% das respostas, aparece a demanda interna insuficiente e, em terceiro lugar, com 27,5% das menções, o excesso de burocracia. Os juros altos, a falta de capital de giro e a inadimplência dos clientes também estão entre os principais obstáculos à expansão do setor.

A situação financeira das empresas também é fonte de insatisfação dos empresários. Mesmo com a pequena melhora registrada entre o terceiro e quarto trimestre de 2018, os indicadores de satisfação com a margem de lucro e com a situação financeira continuam abaixo dos 50 pontos, indicando a frustração dos empresários. O índice de facilidade de acesso ao crédito ficou em 34 pontos, mostrando que as empresas enfrentaram dificuldades de acesso aos financiamentos no último trimestre de 2018.

Fonte: Sinduscon-SP, com informações da FGV/Ibre e da CNI

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