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Cidades inteligentes: uma questão de infraestrutura

Por Nelson Osório de Castro Filho e Carlos Eduardo Chicaroni.

O que Songdo, na Coréia do Sul, e Copenhagen, na Dinamarca, têm em comum? Ambas são consideradas cidades inteligentes (smart cities). A coreana, por exemplo, consegue gerir sensores de tráfego, reprogramar semáforos e acompanhar o sistema pneumático de gestão de resíduos. E a europeia é capaz de oferecer as condições necessárias para que metade de sua população use bicicletas para ir ao trabalho, contribuindo para uma redução de 2 milhões de toneladas de CO2 ao ano.

Para uma cidade ser considerada realmente inteligente é preciso ter visão holística e uma gestão integrada e interdependente de todos os recursos envolvidos (ativos, informações, dados, imagens), concentrada em Centros Integrados de Comando e Controle (CICC), ambientes altamente críticos que unem infraestrutura e tecnologias adequadas para sustentar e auxiliar a operação, acessar e compartilhar, em tempo real, informações, além de planejar e executar qualquer missão de forma eficiente.

Não basta apenas usar soluções sistêmicas integradas, como é o caso de Blockchain e Internet das Coisas (IoT). Deve-se pensar, antes de tudo, na preparação da infraestrutura. Se analisarmos a fundo, a maioria dos prefeitos é estimulada com ofertas verticais para resolver problemas de uma área específica, como trânsito, saúde, segurança, mobilidade. Muitos aplicam uma única solução vertical e acreditam que a cidade é inteligente quando, na verdade, é apenas monitorada e reativa. Ou seja, não está capacitada à gestão. Isso porque, quando falamos em smart cities, a abordagem deve ser horizontal para que todas as disciplinas funcionem de forma eficiente. E a integração de todas elas se faz com uma infraestrutura planejada e organizada, pensada para o bem comum.

Por isso mesmo, as cidades inteligentes não se resumem apenas ao uso tecnologias. É preciso buscar o sistema mais adequado para essa gestão integrada e, por incrível que pareça, nem sempre o mais tecnológico é o melhor indicado. Vale um estudo caso a caso para equiparar funcionalidade e resultado, porque os municípios, por mais semelhante que sejam, não terão infraestruturas iguais.

Essa análise criteriosa é muitas vezes difícil de ser feita por falta de processos claros, pela massificação da IoT e pelo desejo de massificação do Big Data, porque a geração de novas tecnologias gera um buzz gigantesco que, se mal aproveitado e mal estruturado, não trará benefícios, dificultando a gestão e a interoperabilidade de seus ativos.

É preciso conscientizar os gestores de que a primeira etapa para trazer inteligência para as cidades é concentrar os esforços na preparação da infraestrutura, com vistas à gestão integrada pelos CICCs, baseados no conceito C4IVR (Comando, Controle, Comunicações, Computação, Inteligência, Vigilância e Reconhecimento). Ou seja, não vale a pena, de imediato, investir em tecnologia, plataformas, rede semafórica ou focar em uma vertical específica, em detrimento da visão holística que somente um Centro de Comando e Controle poderá gerar, porque é capaz de otimizar gestão, controle e coordenação, além de possibilitar o acompanhamento, em tempo real, das ações realizadas pelas equipes envolvidas, quando bem estruturado.

Portanto, é necessário entender as necessidades de infraestrutura para que seja proposta a melhor tecnologia, habilitando os municípios para que tenham capacidade de gestão integrada na produção do conhecimento, dentro de um processo de PPT (pessoas → processos → tecnologia), com integração completa, utilizando a tecnologia como recurso para que a cidade seja inteligente para todos os munícipes.

* Nelson Osório de Castro Filho é gerente de Vendas Consultivas – Comando e Controle e Carlos Eduardo Chicaroni é gerente de Soluções de TI na Aceco TI, empresa especializada em projeto, construção e manutenção de ambientes de missão crítica.

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